Monday, July 13, 2015

A avó Bel..

Tinha medo que este dia chegasse; quando a avó Bel partisse eu ia deixar desvanecer o lado infantil que ela tão generosamente me permitia.. tinha sempre anotadas as datas dos meus exames, e na véspera de cada um deles, recebia religiosamente um telefonema meu, "Vó, amanhã está prevista uma grande tempestade de neve aqui no Algarve e é melhor não sair de casa para ir fazer o exame", ao que ela retorquia "OH, filha, DEUS É CONTIGO!" e  então discorria sobre a sua vida e de como em cada situação Deus fora com ela; nas vésperas do nascimento de cada uma das crias cá de casa, a situação repetia-se: "Vó, não quero ir para o Hospital, não gosto de hospitais..", e lá se ria e com muita paciência voltava a contar as histórias das suas aventuras..

As gargalhadas que rimos juntas, o seu sentido de humor apurado e as suas histórias ecoam para sempre na minha memória. Os passeios que davamos por Ponte de Sõr, as idas às compras e as actividades na igreja que fazia com ela; os fins de semana em que ficava comigo ao meu lado à espera que os meus pais chegassem de viagem; os pulos que davamos na cama para me distrair dos meus medos; as conversas que tinhamos sobre a vida no Céu eram no mínimo hilariantes.
Ensinou-me a ler, a escrever, a fazer contas antes de ir para a Escola, mas acima de tudo, mostrou-me que DEUS É CONNOSCO, que nada nos separa Dele e que um dia vamos voltar a rir e a cantar juntas.

Na sexta-feira, segurei-lhe na mãozinho tão dorida e cantei-lhe hinos; alegres como os que ela gostava e dei-lhe um beijinho, com muita gratidão por ter sido minha avó