Por Drª Bertina Cóias Tomé
Num dia-a-dia que parece tão definido pela dimensão do nosso esforço, pelo nosso empenho em “fazer as coisas acontecer”, pode acontecer deixarmos, no horizonte das nossas expectativas, um espaço exíguo, ou mesmo inexistente, para aquilo que Deus fará à margem de qualquer envolvimento nosso. Quase como se só dependesse de nós o “accionar” da bênção do Senhor sobre as nossas vidas, acumulamos frustração pelo facto de acharmos que não conseguimos, que não nos afadigámos o suficiente para chegar lá. Como se fôssemos nós a determinar o mover de Deus.
Jesus ensinou-nos que existe um operar de Deus, que é só d’Ele, que decorre exclusivamente da Sua sabedoria e do Seu poder. Sucede à margem das nossas melhores capacidades, das nossas esforçadas tentativas, da nossa criatividade ou vontade, até dos nossos pedidos em oração. No Seu sábio mover, Ele vai para além de tudo isso.
· Enquanto Mardoqueu dormia, ao Rei Assuero foi “oferecida” uma insónia que o levaria a recordar as crónicas do Reino, o que resultaria numa bênção grande parta Mardoqueu.
· Enquanto Jacó dormia, Deus proporcionou-lhe uma revelação magnífica, relativa à dinâmica da eternidade.
· Enquanto Pedro dormia, um anjo viajava em direcção da prisão onde estava, para o libertar.
Não é o nosso estado de alerta, ou a nossa destreza ou inteligência que opera a mudança desejada, o milagre. É o poder de Deus, só o poder de Deus.
Depois do nosso dia de trabalho, saibamos descansar verdadeiramente, sob a protecção e o amor de um Deus que não dorme nem tosqueneja (Salmo 121:4), guardando em nós as Suas palavras, plenas de verdade: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus.” (Salmo 46:10)